Fotos: Lucas Amorelli (Diário)
Quando se aposentou, a benfeitora resolveu dedicar-se ao voluntariado em tempo integral
O estudante Thalisson dos Santos, 18 anos, não se cansa de agradecer a oportunidade de ser um jovem aprendiz. Criado somente com a avó, Maria Aparecida Santos, 63 anos, muitas vezes, ele não via perspectivas de futuro, devido à falta de recursos e dificuldades para estudar. Aos 9 anos, ele foi integrado ao Centro Comunitário Infantil (CCI) da Vila Carolina, que o acolheu e confiou no seu potencial. Hoje, Santos coleciona planos para o futuro e quer continuar o estudos.
Aos 22 anos, a estudante Ana Paula da Rocha prepara-se para realizar um sonho: o casamento. Ela planeja construir uma família e colocar em prática todos os conselhos e incentivo que tem recebido de pessoas que fizeram diferença em sua vida, principalmente, em momentos difíceis. Ana conta que chegou a desistir de estudar por vários motivos, entre eles, a dificuldade financeira e de aprendizado.
Mas, o que estas duas trajetórias têm em comum? Thalisson, Ana e outros jovens da Vila Carolina tiveram seus caminhos cruzados pela administradora Vânia Collares, 51 anos, coordenadora do CCI. Formada em Administração de Empresas, ela decidiu abrir mão da carreira para seguir o exemplo dos pais e se dedicar ao voluntariado em tempo integral.
Há 30 anos, Vânia dá aulas de catequese e reforço escolar em instituições de caridade. Bageense, ela deixou sua marca solidária nas várias cidades que morou, entre elas, Santo ângelo, Giruá, Agudo e Santa Maria.
- Voluntariado é a minha essência. É viver o que aprendi em casa desde menina. Nos dias de Natal ou Páscoa, a mãe preparava sacolinhas com mimos para que eu e os meus irmãos distribuíssemos na comunidade. Cedo, aprendi a repartir tudo o que temos. Voluntariado não é obrigação, é um privilégio. É demonstrar gratidão por tudo o que temos - afirma.
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VIDAS TRANSFORMADAS
Ana Paula conheceu a tia Vânia, como se refere à benfeitora, aos 8 anos, quando foi acolhida no CCI. De lá para cá, recebeu incentivo e muito carinho de uma pessoa que nunca deixou de acreditar nela. Para a estudante, Vânia é uma segunda mãe.
- Inúmeras crianças receberam da tia Vânia muito mais do que um projeto social pode oferecer. Ela me deu conselhos, corrigiu-me quando eu estava errada, fez eu voltar para a escola, mostrou-me caminhos que não imaginava que existissem. Ela sacrificava o tempo dela para cuidar da gente. Nunca deixava que nos faltassem roupa, material escolar e alimento. Hoje, morando em Carazinho, sinto muito a falta dela - conta Ana.
Para Thalisson, a presença de Vânia representa segurança e maternidade.
- Não pude conviver com a minha mãe. A minha avó sempre fez tudo por mim. Logo, veio a tia Vânia para completar mais um pouco esse espaço. Com ela, aprendi a ler e a escrever. Sempre me instruiu e visou o meu bem. Por várias vezes, ela nos acolheu na casa dela e nos deu roupa, calçado e cesta básica. Serei eternamente grato pela pessoa que ela é - diz.
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DEDICAÇÃO
A pedagoga Nilvia Medianeira Almeida, 57 anos, conhece Vânia há, aproximadamente, 10 anos. Voluntária no CCI, ela afirma que Vânia é a cabeça e o coração da instituição.
- Vânia é exemplo de dedicação. O voluntariado é o seu objetivo de vida, sua paixão. Ao lado dela, somos incentivados a dar o nosso melhor todos os dias. Sem uma pessoa como a nossa coordenadora, seria muito difícil manter o projeto. Ela veste a camiseta, é organizada e coordena tudo com eficiência - elogia.
Vânia diz que o principal desafio que enfrenta é fazer as pessoas acreditarem em si. Apaixonada pelo que escolheu fazer a vida inteira, ela reconhece que o mundo está carente de socorro emocional, financeiro e psicológico. E, num mundo cheio de necessidades diferentes, sua principal motivação é ver a realização de crianças e adolescentes que souberam aproveitar as oportunidades de crescer, concretizar sonhos e ser felizes.